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Por que as coisas são como são?

setembro de 2020


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Escrito por: Thiago Oliveira

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Tempo aproximado
de leitura:
2 min



Por que as coisas são como são?

Para começar a explorar essa pergunta, podemos partir de uma simples indagação: por que os trilhos de trem são do tamanho que são?

A resposta correta é simples: para caber um trem!

O trilho e o trem foram planejados juntos, então seu tamanho precisou ser definido a partir de uma referência comum. Como antes dos trens o transporte de pessoas e cargas era feito por carroças, definiu-se que o tamanho de um trem seria o mesmo de dois cavalos andando lado a lado.

Na prática, o trem poderia ser de qualquer tamanho, mas o contexto da época em que foi criado definiu suas dimensões. E até hoje elas são usadas como padrão no mundo todo.

Agora pense em Aristóteles, um dos mais famosos pensadores da antiguidade. Ele dizia e defendia que somente homens nascidos na cidade-Estado eram cidadãos. Mulheres e crianças não eram importantes. Tampouco os estrangeiros, que eram considerados escravos caso não houvesse um acordo diplomático com a cidade de ondem vinham.

Isso quer dizer que Aristóteles era um monstro?

Nos dias de hoje, com certeza ele seria considerado um! Mas será que ele pensaria da mesma forma se tivesse nascido no nosso tempo?

Muitos autores defendem que não. Afinal, Aristóteles era um homem que prezava pela liberdade individual e pela igualdade, o que significa que provavelmente hoje ele defenderia as minorias e exigiria justiça social para todos. Mas o contexto em que ele viveu moldou suas teorias e seu pensamento.

O mesmo pode ser dito de quase todos os pensadores econômicos. Será que Marx defenderia uma revolução sangrenta que usasse suas ideias como justificativa para assassinar pessoas? Muito provavelmente não.

Marx nasceu menos de 50 anos depois da Revolução Francesa. Suas teorias foram desenvolvidas no contexto de um capitalismo ainda incipiente (Marx leu Adam Smith pra escrever seus livros). Hoje ele teria mais pensadores e frentes econômicas para estudar e se inspirar. E provavelmente, fazendo um exercício de imaginação, suas ideias estariam mais alinhadas aos fundamentos de um Estado nórdico do que de um Estado soviético.

Mas qual é a conclusão que se pode tirar dessas histórias todas?

Na economia, assim como na vida, é sempre muito importante analisar o contexto das coisas. É preciso estudar as particularidades do tempo e do lugar em que as nações e as teorias econômicas se desenvolveram para poder entender porque elas são do jeito que são.

Já parou pra pensar por que em Israel ou no Japão são criadas tantas riquezas e tecnologias, mesmo em condições geográficas tão precárias, enquanto o Brasil, com todas a sua abundância de recursos naturais e humanos, até hoje é incapaz de desenvolver algumas das tecnologias mais básicas?

A resposta e os aprendizados quase sempre podem ser encontrados na História. E a função daqueles que, como nós, estão lutando no presente para melhorar o futuro, é conectar as lições do passado de maneira objetiva, de modo a a criar um contexto presente que contribua para o nosso desenvolvimento enquanto indivíduos e enquanto nação.



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