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Rendimento de poupança: breve histórico e como calcular o seu retorno

janeiro de 2018


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A caderneta de poupança é um dos meios de investimento mais antigos e comuns para se guardar dinheiro. Ainda que o rendimento não seja muito grande, é uma das formas mais seguras de se investir, pois há poucos riscos de perder o valor preservado e o retorno financeiro é livre de impostos.

No decorrer deste artigo, você conhecerá o que é uma poupança ou caderneta de poupança, como calcular seus rendimentos, além de outras formas de investimento atuais.

Mas, antes de entender detalhadamente como investir, é necessário saber um pouco da história desta modalidade financeira.

Fazer o dinheiro render é o objetivo de milhares de brasileiros. Por isso, é essencial saber se a poupança é a melhor escolha para investir as economias.

Um pouco da história da poupança no Brasil

A caderneta de poupança foi decretada há mais de 150 anos por Dom Pedro II. Segundo o documento, era um tipo de rendimento que atenderia à população mais pobre. Na época, era permitido que até mesmo escravos possuíssem poupança. O arrendamento geralmente provinha de heranças, pagamentos por algum tipo de serviço ou doações.

Em 1964, foi empregada a correção monetária, que previa uma forma de assegurar os rendimentos da poupança além da inflação. Com isso, essa forma de investimento passou a pagar, além da correção, uma taxa de 0,5% ao mês.

Foi nas décadas de 1980 e 1990 que a poupança passou a sofrer intervenções fortes da superinflação e o governo, na intenção de contê-las, criou alguns planos econômicos. Esses planos viriam a alterar o cálculo da correção monetária nos investimentos das cadernetas de poupança.

Foi nesse cenário, aliás, que as poupanças começaram a ter uma data de aniversário. Nesse período, a correção também passou de mensal para diária, e o Banco Central publicava diariamente as correções sob os depósitos em conta.

Com ampla influência nas contas poupanças, um dos escândalos que mais marcou a história da economia do Brasil aconteceu no Governo Collor, e será melhor explicitado no tópico abaixo.

Plano Collor I e II

Plano Color I:

Em 16 de março de 1990, o governo decretou que os valores superiores a 50 mil cruzados novos que estivessem em conta poupança fossem congelados por 18 meses. Esses valores seriam então remunerados pelo Banco do Tesouro Nacional Fiscal (BTNF). Já os valores abaixo de 50 mil cruzados novos seriam atualizados pelo Índice de Preço ao Consumidor (IPC).

De acordo com o Instituto de Defesa do Consumidor, as instituições financeiras utilizaram do BTNF para todos os casos. Com isso, houve perda de três tipos distintos de poupança.

  • Com os aniversários datados entre 16 e 30.
  • Com investimentos menores que 50 mil cruzeiros novos e aniversários na segunda quinzena do mês de abril de 1990.
  • Com rendimentos menores que 50 mil cruzeiros novos de abril a maio de 1990.

Plano Collor II:

Em 31 de janeiro de 1991, o Governo Collor congelou salários, preços e aumentou as tarifas públicas, criando a Taxa de Referência de Juros (TR).

O BTNF deixou de existir para ser substituído pela Taxa Referencial Diária (TRD), que era o agente corretor da poupança.

Um fato curioso é que depois de todo esse histórico sobre a conta poupança, além das intervenções precursoras, Plano Bresser e Verão, respectivamente em 1987 e 1989, a população brasileira ainda vê a poupança como um dos meios mais seguros e fáceis de preservar uma quantia em dinheiro.

Segundo uma pesquisa de 2016 da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro, a poupança ainda detém 76% deste tipo de trâmite financeiro.

Agora que você já conheceu ou relembrou alguns fatos importantes que marcaram a história da economia do Brasil, que tal entender como realmente funciona esta ferramenta de investimento? Siga com a leitura de descubra.

Como funciona o rendimento da poupança?

Uma das grandes dúvidas que permeiam o rendimento da poupança é se há variação de uma instituição financeira para outra. A resposta é não. Como trata-se de um investimento que tem os lucros gerados pelo governo, por meio da Taxa Referencial (TR), a rentabilidade é proporcional em quaisquer bancos em que for aberta uma conta tipo poupança.

No entanto, a poupança é um dos investimentos com a menor rentabilidade mensal. Os cálculos dependem, entre outros fatores, da taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia brasileira.

A grande vilã perante à poupança é a inflação. Em 2016, embora esse tipo de investimento tenha resultado em 8,30%, o lucro real foi de apenas 1,89%.

Para entender melhor, no tópico seguinte será explicado em detalhes o cálculo do rendimento da poupança.

Como calcular o rendimento da poupança?

Saiba como funciona o cálculo do rendimento da poupança.

Como já foi abordado anteriormente, o valor do rendimento da poupança tem relação direta com a taxa Selic. Funciona, basicamente, da seguinte maneira:

  • Maior que 8,5%, o arrendamento é de 0,5% ao mês mais a TR.
  • Menor ou igual a 8,5%, o arrendamento passa a ser de 70% da Selic mais a TR.

A TR é a taxa referencial diária que é obrigatoriamente orçada pelo governo. Por isso, qualquer poupança, de quaisquer bancos, possui o mesmo rendimento. Em todos os casos, vale ressaltar, a conta poupança é assegurada pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), em um valor de até R$ 250 mil por CPF.

Mas o que isso significa para o consumidor? Quer dizer que mesmo que o banco venha a falir, o dono da conta ainda terá direito sobre o valor.

No site do Banco Central é possível obter os valores arrendados, por meio da Calculadora do Cidadão. Dentro do portal ainda é possível saber como calcular taxas de juros de crédito, taxas de câmbio, entre outras informações pertinentes ao consumidor brasileiro.

Com base na Calculadora do Cidadão, se você investiu R$ 100 em 1° de janeiro de 2016, na mesma data do ano seguinte, em 2017, você terá, no total, R$ 108,30, ou seja, um rendimento de 8,30% ao ano.

Esse rendimento da poupança não é fixo e, ao longo dos anos, tem variação. É por isso que em determinados períodos torna-se um meio de investimento pouco atrativo.

Em 2016, por exemplo, o rendimento resultou em dois pontos percentuais acima dos 6,29% calculados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em 2015, o resultado foi mais insatisfatório, com perda de poder de compra.

Como variou o rendimento da poupança em 2017?

A seguir, na tabela que mostra o cálculo do rendimento da poupança em 2017, é possível perceber a constante queda mensal, assim como o agravante em fevereiro, quando a poupança apresentou prejuízo, com retorno real de 0,2%.

Rendimentos Poupança 2017
Mês Retorno Absoluto (%) Retorno Real (%)
Janeiro 0,67 0,29
Fevereiro 0,53 0,2
Março 0,65 0,4
Abril 0,5 0,36
Maio 0,58 0,27
Junho 0,55 0,78
Julho 0,56 0,32
Agosto 0,55 0,36
Setembro 0,5 0,34
Outubro 0,47 0,05
Novembro 0,43 0,01

Como variou o rendimento da poupança desde o início do Plano Real?

A tradição de guardar dinheiro na caderneta de poupança ainda prevalece no Brasil.

Desde a instauração do Plano Real, datado de julho de 1994, a poupança conquistou uma valorização acima da inflação. No entanto, não é unânime a alta dos preços medida pelo IPCA.

Dentro desses mais de 270 meses de Plano Real, a poupança só perdeu para a inflação por volta de 25% das vezes. As duas crises principais assolaram os meses de setembro de 2002 a abril de 2003, e de setembro de 2012 a abril de 2013. Sumariamente, desde a instauração do Real, a poupança teve ganho de 104%.

Vale a pena investir na poupança?

Para quem é novo nos trâmites de investimento, a poupança traz segurança para guardar o dinheiro, mas sem muito retorno. Se a educação financeira pessoal for um pouco mais abrangente, vale a pena conhecer outros tipos de investimentos mais rentáveis.

É preciso ter em mente que, embora muito popular, a poupança não é a única forma de guardar ou investir dinheiro. Foi diante desse cenário, aliás, que outros meios de investimento ganharam força e hoje dividem espaço com a tradicional caderneta de poupança.

Investir ou não na poupança depende, entre outros fatores, da educação financeira e dos riscos que se quer tomar.

A seguir, estão comparativos entre poupança e outros tipos de investimento. Continue a leitura e descubra qual é o melhor para seu perfil.

Bolsa de Valores versus poupança

A Bolsa de Valores é um investimento mais arriscado se o consumidor quer um retorno rápido. Agora, se tempo não é problema, essa pode ser uma modalidade muito boa para se aplicar capital.

Mesmo para quem conhece os trâmites, aconselha-se começar com pequenos valores, cerca de 10% das reservas. Estipulado o valor, divida-o em títulos de empresas de diversos segmentos, em torno de cinco ou seis empresas seguras.

Nesta briga, o resultado não é certeiro, pois ao passo em que a poupança não rende muito, há a possibilidade de perder dinheiro na bolsa, mas é um risco que muitos investidores veem como válido, já que são diversas apostas acontecendo concomitantemente.

CDB versus poupança

O Certificado de Depósito Bancário (CDB) funciona como um empréstimo ao seu banco, que, por sua vez, terá mais capital para investir em sua própria infraestrutura, além de poder emprestar esse valor a outros clientes. Após um período, o dinheiro é devolvido acrescido de juros.

Assim como na poupança, a confiabilidade na instituição bancária é imprescindível. O interessante é que se ganha mais com o CDB, embora seja necessária uma quantia maior para investir nessa proposta.

Entre o CDB e a poupança, prevalece o primeiro, desde que o cliente tenha a renda necessária para tal aplicação.

CDI versus poupança

O Certificado de Depósito Interbancário (CDI) é parecido com o CDB, com a diferença primordial de que os títulos emprestados são de uma instituição financeira para outra.

Nesse caso, o rendimento varia de acordo com a Selic. Por conta dos juros serem altos, pode ser um bom negócio a ser fechado.

LC versus poupança

A Letra de Câmbio tem o intuito de, assim como o CDB, oferecer empréstimos, com a distinção de que os títulos emitidos são originários de financeiras de crédito. Essas empresas acabam ofertando juros bem interessantes, de até 120% do CDI.

Em contrapartida, não é possível resgatar o capital antes do prazo e o que se ganha é tributado no Imposto de Renda. Ainda assim, a Letra de Câmbio estima ganhos de até 14,40% ao ano.

LCA versus poupança

LCA, sigla para Letra de Crédito do Agronegócio, é um exemplo de título de renda fixa. Assim como na poupança, esse tipo de negociação é isento de Imposto de Renda, sendo a LCA mais rentável do que a poupança.

Nesse tipo de investimento, empresta-se dinheiro para o agronegócio. Além da isenção do IR, já mencionada, não há cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a operação pode ser feita por pessoa física ou jurídica.

A diferença primordial é que o investimento é muito maior que na poupança, com valor mínimo de R$ 10 mil. Também não é possível sacar o dinheiro fora do período preestabelecido.

LCI versus poupança

LCI significa Letra de Crédito Imobiliário, ou seja, é quando o investimento é feito sobre os trâmites de imóveis. Com características parecidas com o LCA, a distinção se faz por não ser um bom acordo para pessoas jurídicas, já que os lucros são tributados no Imposto de Renda.

Mais uma vez, para fazer um acordo como esse, é necessário ter uma reserva financeira significativa, com valores iniciais de investimento em torno de R$ 30 mil.

Tesouro Direto versus poupança

Primeiramente, é importante saber o que Tesouro Direto significa. Basicamente, é um título do governo que você pode comprar. Em ternos de renda fixa, é o mais seguro.

Por isso, para muitas pessoas, é a primeira opção de aplicação quando o rendimento da poupança já não supre mais as expectativas. No páreo com a poupança, quem ganha é o Tesouro Direto, pois rende mais.

Então, o artigo colaborou para sanar suas principais dúvidas sobre investimento? Se você ainda está inseguro com tais empreitadas, é interessante mesclar a poupança com alguma outra aplicação, a fim de ver a movimentação do seu capital.

Se você quiser conhecer ainda mais sobre finanças, trazendo retornos positivos para sua vida, continue acompanhando nossas redes sociais e nosso site!



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