Ainda que muita gente acredite que não, todo mundo é participante ativo do mercado financeiro no dia a dia, seja movimentando contas bancárias, comprando a prazo, pagando com cartão de crédito ou simulando empréstimos on-line. Isto é, mesmo sem perceber, você deve abraçar rapidamente todas as novidades lançadas pelo mercado.
Neste texto, entenda melhor o que são inovações financeiras e qual o papel e o impacto delas na sua vida. Conheça também o LAB – Laboratório de Inovação Financeira.
O que é a inovação financeira?
Esse nome é dado a toda nova atividade de gerenciamento de recursos financeiros, seja em nível pessoal ou empresarial. Geralmente, são criadas para aumentar a participação da sociedade na economia e como uma estratégia de marketing de instituições financeiras para diferenciar seus serviços aos olhos do público.
Ou seja, é fácil perceber como as diferentes inovações têm papel central na concorrência entre as instituições, sejam elas bancárias ou não bancárias. Podem ajudar a construir ou reafirmar uma imagem de solidez e experiência, de investimentos em tecnologia e da expertise de seus gestores.
Aliás, as inovações financeiras caminham lado a lado de inovações tecnológicas. Economistas consideram os vinte anos entre os anos 60 e 80 como o grande boom das inovações financeiras – justamente o período de introdução e popularização dos computadores.
Os caixas eletrônicos são um belo exemplo de inovação financeira aliada à tecnologia. Surgidos em Londres, no final dos anos 60, tanto facilitaram a vida dos clientes do banco Barclays como se tornou um diferencial competitivo na luta por novos clientes bancários. Afinal, quem não prefere fazer transações a qualquer hora e em qualquer lugar?
Hoje em dia, não existe banco sem caixa eletrônico, uma prova de que inovações bem-sucedidas são rapidamente reproduzidas. E o ciclo continua com as instituições buscando a próxima novidade.
Outra inovação financeira importante, e que também já faz parte da sua rotina, foi a introdução do cartão de crédito.
A primeira ideia de cartão de crédito surgiu na década de 1920, nos Estados Unidos, mas de maneira limitada: um cartão de papel, disponibilizado apenas a clientes mais fiéis de uma certa empresa e para ser utilizado apenas no próprio estabelecimento.
Foi só nos anos 50 que começou o uso do cartão de crédito nos moldes atuais, com o nome do dono e registro de compras em diversos estabelecimentos diferentes para que, após um tempo, esse titular pudesse pagar a conta.
Em poucos anos, o cartão, atendia cerca de 200 clientes e era aceito em 27 restaurantes, tornou-se de plástico e aceito em milhares de pontos em vários países. Novamente, dezenas de outras instituições lançaram mão da ideia e passaram a oferecer o cartão a seus clientes.
E, mesmo dentro desse mercado de cartões de crédito, muitas foram as inovações que acompanharam o seu crescimento: a inclusão da tarja magnética e, posteriormente, do chip; as maquininhas eletrônicas fixas, depois portáteis; os cartões virtuais etc.
Open-Banking
O avanço da tecnologia fez com que as instituições bancárias flexibilizassem o funcionamento delas, aderindo a modernas opções de acesso. Uma dessas ideias inovadoras é o Open-Banking que pode ser definido como o surgimento de novas transações através de APIs disponibilizadas pelos bancos.
APIs é a sigla para o termo em inglês Application Programming Interface e nada mais é do que uma interface de programação de aplicativos. É um conjunto de dados de programação que permite a ligação entre determinados softwares.
Mas, o que isso tem a ver com transações bancárias? É simples. As instituições financeiras resolveram aderir às APIs para compartilhar conteúdos, sincronizar informações e facilitar o acesso delas em outras plataformas.
De forma prática, é a oportunidade de haver sincronização de dados entre a sua conta corrente e o seu aplicativo de controle de gastos, por exemplo.
Um exemplo muito comum do uso de API é o Google Maps, que pode ser acessado a partir de qualquer site. Isso só é possível devido ao uso desse programa.
Obviamente que se tratando de agentes financeiros, a segurança é fundamental e essa característica é o primeiro item a ser observado e verificado.
Para o usuário, o Open-Banking é muito vantajoso devido à automação de dados que facilita inúmeras transações bancárias. Para os bancos, é uma maneira de se diferenciar dos concorrentes exatamente porque oferece uma facilidade que poucos possuem.
Fintechs
Mais recentemente, houve o surgimento das fintechs como outro exemplo de inovação financeira. Ao combinar serviços financeiros com as mais avançadas tecnologias, as fintechs atuam em diversos segmentos, como pagamentos, gestão financeira, empréstimos e investimentos. É um dos mercados que mais cresce em todo o mundo, mudando a forma de oferecer serviços financeiros à população, com maior eficiência e menor custo.
Alguns exemplos de fintechs:
A Rebel é uma fintech de crédito. Através de inovações tecnológicas e inteligência artificial, essa startup facilita empréstimos pessoais para pessoas de classe média, fazendo cálculos de taxas e reduzindo juros de acordo com o perfil de cada cliente.
A Méliuz ocupa o primeiro lugar no Brasil na área de cashback.O termo, em inglês, quer dizer “dinheiro de volta”. Funciona basicamente como um programa de fidelidade em que a pessoa faz um cadastro e, ao atingir determinado valor em compras, recebe de volta uma parte do dinheiro investido naquela compra.
Quem gosta ou precisa viajar, mas não sabe onde deixar o animal de estimação durante esse tempo, já deve ter ouvido falar ou até usado os serviços da DogHero. É uma fintech que oferece sistema de hospedagem para cães e que já está elaborando novas formas de facilitar mais ainda a vida de quem tem um cãozinho em casa.
Outra fintech de sucesso é a Eduk, a maior plataforma de educação online do Brasil. Mais de mil cursos são disponibilizados para quem se dispuser a investir um pequeno valor mensal para ter acesso a todos os conteúdos.
Quais são seus benefícios?
São muitas as contribuições das diferentes inovações financeiras, tanto para a população quanto para as empresas.
Elas conseguem facilitar a negociação entre ambas as partes, por exemplo, quando se aplicam a novos meios de pagamento; ajudam o cliente a poupar ou a direcionar esses recursos a investimentos que beneficiem tanto o cliente quanto à instituição financeira; ou ainda contribuem na obtenção de crédito e empréstimos, podendo impactar até a economia do país.
Esses impactos mostram que as inovações não atuam apenas no âmbito microeconômico, como instrumento de concorrência e de aumento dos lucros das empresas, mas também no âmbito macro, ajudando a economia em períodos de expansão e de crise.
Em períodos de crescimento da economia, por exemplo, as inovações financeiras podem facilitar a circulação de produtos e serviços e, consequentemente, de dinheiro. Ou mesmo fornecer instrumentos que incentivem a poupança, uma vez que o ambiente é de maior fluxo de renda.
Em cenários de crise, essas inovações podem ampliar o acesso ao crédito, mantendo o fluxo da economia, ou mesmo permitir que bancos e financiadoras renegociem dívidas, atraiam clientes em situação mais confortável e gerenciem os riscos de suas aplicações.
Laboratório de Inovação Financeira – LAB
O Laboratório de Inovações Financeiras (LAB) é um projeto que estimula novos produtos e serviços financeiros que suportem o desenvolvimento sustentável.
Criado pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o LAB promove o debate e o compartilhamento de experiências entre os diversos agentes do mercado financeiro, sejam do setor público, privado ou do terceiro setor.
São objetivos do LAB incentivar o investimento privado sustentável em setores como energia, transporte, agricultura e água, bem como desenvolver ferramentas financeiras para aumentar investimentos, a exemplo de linhas de financiamento e mecanismos de gestão de risco.
O LAB também analisa experiências nacionais e internacionais que possam ser reproduzidas e organiza diálogos sobre Finanças Verdes, Fintechs, Instrumentos Financeiros e Investimentos de Impacto e Títulos Verdes.
Lift
Projeto semelhante ao LAB foi criado pelo Banco Central no primeiro semestre de 2018. O Lift (Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas) é um espaço criado pela Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central e possibilita que interessados proponham projetos de tecnologia relacionado à questão financeira.
Funcionando como um pré-incubadora de projetos, o Lift pretende incentivar propostas que deixem o crédito mais barato, aumentem a educação financeira, modernizem a legislação, tornem o sistema financeiro mais eficiente e ampliem a inclusão financeira.
ABCD – Associação Brasileira de Crédito Digital
A ABCD foi criada por um grupo de fintechs e tem, desde o seu fundamento, importância fundamental na relação entre consumidor e instituições financeiras. Ela foi criada com o objetivo de estimular o desenvolvimento do crédito digital no Brasil, além de elaborar e fortalecer as boas práticas do mercado financeiro digital.
O surgimento da ABCD foi primordial para a garantia da segurança e da privacidade que algumas inovações financeiras necessitam. É o caso do Open-Banking que lida diretamente com o dinheiro dos clientes dos bancos e que, para se instalar e se expandir, precisa ser rigoroso em relação ao sigilo de informações.
Por fim, a ABCD é uma organização que atesta a confiança e a solidez das inovações financeiras. Ela fortalece o crescimento das fintechs uma vez que garante um funcionamento dentro do que é permitido por lei e através do seu código de boas práticas.
Assim como a humanidade evolui, e cada vez mais rapidamente, o mesmo ocorre com suas formas de realizar transações financeiras. Acompanhe sempre nossas publicações para manter-se atualizado quanto às mais recentes inovações e como aplicá-las para melhorar os seus investimentos, seu futuro e o de sua família.