Alerta de inflação! Desconfio que este gráfico será o mais importante dos próximos anos:
Explicação rápida: M2 é uma medida de dinheiro na economia. Inclui notas, depósitos em banco, fundos a curto prazo, ou seja, uma aproximação de quanto de “caixa” os indivíduos disponibilizam.
A primeira reação ao ver este gráfico pode ser positiva: “Nossa, tanta gente com dinheiro para comprar coisas, investir e acender a economia!”. Porém, a economia nunca é simples.
Não adianta nada ter todo esse dinheiro parado sem movimentá-lo. É aí que entra a velocidade dele. No caso, a quantidade de vezes que o dinheiro circula. Até porque, um número maior representa mais gente gastando e fazendo o capital “rodar”. Já um número menor…
O efeito de todo o capital que os Bancos Centrais estão jogando no sistema ainda não foi sentido. Mas o que acontece se a velocidade do dinheiro aumentar? Spoiler: a jiripoca pia.
Vamos pensar no micro
Imagine que você é dono de um restaurante e recebe auxílio do governo. Nesse momento de incerteza, você poupa o montante ou sai gastando? Pois é, a velocidade é baixa porque as pessoas preferem poupar do que usar. O próprio Japão luta com essa “armadilha de liquidez” por décadas.
Contudo, em algum momento as coisas melhoram. E o dono do restaurante resolve voltar a gastar. A velocidade aumenta, o capital gira e ele usa o dinheiro para comprar, por exemplo, mesas novas para o estabelecimento.
É então que os competidores dele começam a sentir o mesmo otimismo a ponto de renovar as mesas também. Como consequência, o estoque do móvel se esgota nas lojas. É assim que surge o perigo: mais gente querendo um ativo + pouca oferta = inflação.
Desta forma, o risco do primeiro gráfico lá de cima ganha evidência, ou seja, inflação sem controle. Mas não termina por aí.
Imagine que você, por ser um dono de restaurante e leitor assíduo do nosso #MacroBytes de segunda-feira, sabe que o fim de jogo desta maluquice, deste experimento monetário, é a inflação. Você sabe que o seu dinheiro vai valer menos, então, o que você faz?
Troca de dinheiro! Ou encontra maneiras melhores que preservem seu poder de compra. Afinal, você quer adquirir as mesas quando a crise terminar.
Valorização de ativos
O efeito desta situação é a valorização de ativos que preservam o poder de compra. Veja alguns exemplos:
- Investir no mercado de ações. Não é intuitivo, mas se os preços sobem, as empresas repassam parte desses valores aos consumidores para preservar as margens;
- Comprar imóveis. Ativos físicos tendem a reter um valor melhor;
- Comprar ouro. Uma moeda que o Banco Central não pode facilmente inflar;
- Comprar títulos atrelados à inflação (vários problemas aqui);
- Comprar Bitcoin (política monetária escrita em código e decentralizada).
Minha opinião pessoal é que o Bitcoin é o vencedor. Já possuímos ampla compra por indivíduos e passamos a ver companhias trocarem reservas de dólares por Bitcoin. A MicroStrategy, por exemplo, já fez esse movimento e foi além. A empresa tem levantado dívida para aumentar ainda mais a exposição dela.
E aí você diz: “Mas Zagury, todo mundo fala de inflação e ela nunca vem! Esse papo é antigo. A velocidade vai continuar caindo, M2 não é problema!”.
Vou deixar isso aqui. IGP-M acumulado dos últimos 12 meses:
Isto mesmo que você viu: 20.92%. Ainda bem que não tem inflação, não é?
IMPORTANTE:
PS1: Nada disso é recomendação de investimento.
PS2: Sabiam que Jiripoca é um peixe?
PS3: Banco Central Brasileiro deveria converter parte das reservas em dólares para Bitcoin. Sonhar é bom.