Uma fintech é o resultado, quase inevitável, do avanço das tecnologias digitais, capitaneados pelo desenvolvimento da informática e do uso cada vez maior da internet como principal meio de comunicação. Agora os serviços são executados de forma menos presencial, e empresas exclusivamente digitais estão ocupando esse espaço criado a partir do desenvolvimento dessas novas tecnologias.
Não demorou para que empresas viessem dispostas a utilizá-las, por exemplo, em soluções financeiras. E números revelam que o investimento global nesse setor subiu cerca de 66% na virada de 2016 para 2017, totalizando cerca de US$ 5,4 bilhões de dólares — números que, convenhamos, não deixam dúvidas sobre a necessidade de se discutir as causas, limites e consequências dessa revolução da chamada “tecnologia financeira”.
De acordo com o Diretor de Regulação da ABFintechs (Associação Brasileira de Fintechs), Mathias Fischer, em entrevista ao site agenciabrasil.ebc, “Atualmente, quase 50% da população brasileira não têm acesso a serviços bancários, e empresas de menor porte, como as startups, têm dificuldades para conseguir financiamentos”.
“Em função dos seus procedimentos simplificados e do uso intensivo de tecnologia para a realização das análises de crédito, espera-se que consigamos reduzir o custo dos empréstimos e fornecer o acesso ao crédito a algumas parcelas da população e de empresas”.
Guiadas por essa visão, inúmeras fintechs começaram a executar os seus serviços, entre 2013 e 2014, com foco, em especial, na intermediação de empréstimos financeiros de forma online.
Ligadas a uma instituição financeira, essas fintechs incumbem-se de tornar mais rápidos os processos de prospecção e análise de clientes, como forma de facilitar o acesso destes a créditos, e, por tabela, diminuir os riscos das empresas com maus pagadores.
De acordo com os seus idealizadores, uma fintech é a evolução na maneira como se realizam operações financeiras. Elas são administradas nos moldes de uma startup (com bem menos custos), e o resultado disso é o aperfeiçoamento das relações com os clientes, agilidade nos processos e o atendimento a um maior número de pessoas — um grande avanço em relação aos bancos e às demais instituições financeiras tradicionais.
O que é uma fintech?
Uma fintech, como o próprio nome nos leva a supor, é um termo de origem inglesa, que significa fin (financeiro) + tech (tecnologia).
As suas principais características são o fato de utilizar o que há de mais moderno em tecnologia digital para a oferta de serviços financeiros, como: empréstimos, financiamentos, acordos, gestão empresarial, cartões de crédito, entre outros serviços, além do fato de que o cliente pode executar todos eles sem sair de casa, por meio de um simples computador ou smartphone.
A lógica por trás de uma fintech é a de atender a uma demanda por soluções financeiras, segundo os seus criadores, mal atendida pelas instituições tradicionais.
Diferentemente dessas, elas especializam-se em dois ou três dos segmentos citados acima, o que, de acordo com vários estudos realizados, confere um ambiente bem mais amigável, desburocratizado, rápido, objetivo e com menos riscos para clientes e instituições.
Inovação é a alma de uma fintech!, e canais digitais como: aplicativos, blogs, sites, redes sociais, entre outras ferramentas semelhantes, não são apenas instrumentos periféricos à estrutura da empresa (como ocorre com as empresas tradicionais), e sim a sua própria razão de ser.
Livre dos inúmeros processos internos e das normas e regras que estas precisam seguir, as fintechs tornam-se livres para atender a um número bem maior de indivíduos, independentemente do segmento em que atuem, nível de renda, necessidades, expectativas ou mesmo o seu grau de conhecimento acerca de operações financeiras.
Isso é o que significa uma fintech, de acordo com a maioria dos especialistas: um exército que já soma quase 2 mil unidades espalhadas pelo mundo. Desenvolvendo um conceito que já começa, discretamente, a chamar a atenção de vários outros segmentos da atividade humana.
Quais os principais diferenciais que as fintechs proporcionam?
O que significa uma fintech quando comparada a uma instituição financeira tradicional? Na visão dos principais envolvidos nesse segmento, elas significam uma espécie de disrupção (ou interrupção do que vem sendo feito) do modelo atual de oferta de serviços financeiros.
Essa situação tem colocado as empresas tradicionais diante do seguinte dilema: seguir esse novo conceito ou desaparecer definitivamente do mercado? Felizmente, boa parte delas têm optado pela primeira opção, e por um simples motivo: as fintehcs são capazes de oferecer diferenciais que não podem ser sequer imaginados por elas, mesmo apesar de, há décadas, serem as donas do mercado de soluções financeiras no país.
E dentre esses principais diferenciais, estão:
1. São menos burocráticas
Não é de hoje que se conhece toda a burocracia envolvida em procedimentos relacionados com a oferta de serviços financeiros— desde a necessidade de deslocar-se até uma agência, ler e assinar uma extensa papelada, aguardar um comunicado (por correspondência ou telefone), entre outras necessidades.
Nesse caso, uma fintech é a garantia de que toda essa burocracia será descartada.
2. São mais especializadas
Dentre as vantagens de uma empresa ser especializada em no máximo dois ou três tipos de serviços, está o fato de que poderá dedicar-se melhor às minúcias e particularidades que os caracterizam.
As instituições financeiras tradicionais sempre caracterizaram-se por oferecer (ou tentar oferecer) praticamente todos os principais serviços financeiros. O resultado disso são inúmeras dificuldades de administrá-los, de oferecer um serviço com qualidade e, obviamente, dificuldades de gerenciamento da própria instituição.
3. Utilizam alta tecnologia
O uso de tecnologias como a inteligência artificial em praticamente todos os segmentos da atividade humana, para o bem ou para o mal da civilização, é considerado um caminho praticamente sem volta.
E, diferentemente das instituições tradicionais, as fintechs conhecem bem a sua capacidade de, por exemplo, apontar gostos, tendências, criar atalhos, diminuir as chances de erros, aumentar a produtividade, entre outras infinitas possibilidades.
4. Atendem todas as necessidades
Para além de dizer o que você precisa ou não, as novas tecnologias são capazes de suprir, a contento, demandas e necessidades que as empresas tradicionais, pelos mais diversos motivos, não podem atender.
Produtos relacionados com os gostos de determinadas minorias, cartões de crédito sem anuidade, contas bancárias com menores taxas e contribuições, soluções financeiras para quem atua em um segmento não convencional. Enfim: uma fintech significa, de acordo com especialistas, a garantia de que um produto surgirá a partir do surgimento de determinada demanda.
Quais os serviços oferecidos?
1. Empréstimos
Uma fintech é uma espécie de intermediadora entre cliente e instituições financeiras, no caso de aquisições de empréstimos bancários.
O que observações vêm demonstrando é que tais operações, feitas por meio de uma fintech, são bem mais racionais do que as realizadas por uma instituição tradicional, pelo simples fato de serem executadas de forma 100% online, atender a um número infinitamente maior de clientes, além de garantir (a um cidadão comum) maiores possibilidades de obtenção de crédito.
2. Pagamentos diversos
Pagamentos de boletos, contas de água, luz, telefone, faturas de cartões, compras no e-commerce, encargos, entre outros procedimentos, podem ser realizados por meio de um simples smartphone, com uma comodidade jamais sonhada por aqueles que utilizavam os serviços de uma instituição tradicional.
Tudo isso graças a uma parceria entre essas instituições e as fintechs, por meio da qual aquelas liberam as suas APIs (Interfaces de Programação de Aplicativos) para as fintechs interessadas em explorar tais serviços.
3. Conta bancária online
Pagamentos, recebimentos, depósitos, saques, consulta de saldos, extratos, entre outros procedimentos, a partir da adesão a uma fintech, podem ser realizados de forma totalmente digital.
Uma conta bancária digital não significa um modelo novo de conta bancária, mas apenas a possibilidade de executar os serviços a partir de um computador ou smartphone, livrando-se das famigeradas taxas e cestas que são cobradas ao utilizar o sistema oferecido pelas instituições bancárias tradicionais.
4. Cartão de crédito
Da mesma forma, é possível, por meio de uma fintech, obter o chamado “cartão de crédito digital”. Este nada mais é do que um cartão livre de anuidade e com taxas bem menos agressivas, pelo simples fato de ser utilizado por meio de um aplicativo.
Mais uma vez, o fato de ser administrado por uma fintech (com uma estrutura menor e menos dispendiosa), faz com que a aquisição e utilização do cartão seja bem mais racional.
5. Negociação de débitos
Uma fintech é, atualmente, um instrumento facilitador desse tipo de procedimento. Ela ajuda uma empresa a descentralizar, por exemplo, o seu sistema de cobrança de dívidas de clientes inadimplentes, deixando-a livre para investir em setores mais essenciais.
Com a liberação da sua Interface de Programação de Aplicativos (APIs), as empresas que possuem clientes inadimplentes, por meio de uma parceria, transferem para as fintechs essa missão.
6. Microsseguros
Os microsseguros, como o próprio nome diz, são produtos direcionados a cidadãos de classe baixa, expostos a riscos menos graves. Essa característica permite o pagamento de um prêmio bem menor do que os que são pagos a instituições tradicionais.
Seguros de vida, automóveis, residência, entre outros, por meio das fintechs, podem ser contratados de forma 100% digital, graças a uma parceria baseada em uma intermediação entre seguradora e fintech.
E pelos simples fato de ocorrer em um ambiente totalmente digital, essa contratação torna-se mais simples, barata, rápida e adequada a necessidades bem mais específicas do que aquelas contempladas pelo sistema tradicional de contratação.
7. Serviços para recebimentos de Pessoa Jurídica
Uma empresa, a depender da sua estrutura, terá que atender, por exemplo, clientes com preferências diferentes para honrar os seus compromissos.
Mais uma vez, a liberação da sua Interface de Programação de Aplicativos (APIs) permite que uma fintech cuide dessas operações no lugar da empresa através, por exemplo, da vinculação dos pagamentos à conta bancária digital do cliente.
8. Investimentos
Outro serviço que também faz parte do cardápio de soluções financeiras oferecidas pelas fintechs é a contratação de aplicações financeiras por meio de um simples smartphone.
Diferentemente do que ocorre quando uma contratação é feita de forma convencional, nesse caso, o cliente passa a ter em mãos as rédeas dos seus investimentos, tem mais autonomia para decidir quais atendem melhor às suas expectativas, além de, obviamente, ter um maior controle sobre tudo o que diz respeito ao “sobe de desce” do mercado financeiro.
9. Gestão financeira
Uma fintech é parceira do indivíduo na luta pelo equilíbrio das suas finanças pessoais. Por meio de aplicativos, o usuário poderá controlar as suas receitas e despesas, administrar os seus recursos, saber exatamente o quanto ganha — o que o ajuda a deixar de ser um “gastador” para tornar-se, finalmente, um poupador profissional.
Já para as empresas, a parceria com uma fintech ajuda-as a controlar as suas receitas e despesas de forma 100% online, emitir notas fiscais, gerir o seu setor financeiro, controlar o fluxo de caixa, entre outras necessidades.
10. Gestão de benefícios
Uma área de atuação que, aos poucos, vai se rendendo às fintechs é a de Gestão de Benefícios. Isso porque benefícios como: vale-alimentação, horas extras, vale-transporte, entre outros, são recebidos e administrados de forma 100% online pelos beneficiários, sem a necessidade de cartões e nem o preenchimento de uma extensa papelada.
Eles passam a ser disponibilizados numa conta digital (e de forma automática) do trabalhador, que poderá também manipulá-los com toda a conveniência que um simples smartphone oferece.
O que significam as fintechs nos dias atuais?
Uma pesquisa da Radar FintechLab revelou que, no final do ano passado, já havia cerca de 330 novas empresas desse tipo no Brasil, especialmente voltadas a atender demandas reprimidas no segmento de soluções financeiras.
Por isso mesmo, já há uma espécie de “corrida contra o tempo” dos bancos e demais instituições financeiras tradicionais, com o objetivo de liberarem as suas Interfaces de Programação de Aplicativos (APIs) para que as fintechs interessadas possam fazer essa intermediação entre as suas soluções financeiras e as necessidades dos clientes.
Apesar disso, na opinião da maioria dos especialistas do segmento, o advento das fintechs de forma alguma significa a extinção das instituições tradicionais, e sim uma parceria, onde as primeiras entram com o que há de melhor em novas tecnologias, modernidade e inovação, enquanto a segunda entra com toda uma estrutura e know-how adquiridos ao longo de décadas de serviços prestados.
A lógica das fintechs é a de que, se tudo o mais, hoje em dia, é feito de forma online, por que as operações financeiras também não poderiam? – no que pese as inúmeras discussões iacerca da segurança de dados, fraudes e privacidade das informações.
Polêmicas à parte, o que se tem de concreto é que o próprio governo já sinalizou positivamente para a estabilização dessa nova forma de empreendedorismo, por meio de Resoluções que, entre outras coisas, disciplinam a utilização de inovações tecnológicas no Sistema Financeiro Nacional.
Isso leva a crer que as fintechs pretendem mesmo “dominar o mundo”, quando o assunto é soluções financeiras. Com o diferencial de uma abrangência bem maior que a das instituições tradicionais, e capazes, até mesmo, de interferir em segmentos jamais imaginados pelos grandes bancos.
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