Hoje é dia de BBB21 no nosso blog.
Mas, calma aí, haters. O papo será confortável para vocês também. Afinal, eu não sou um grande fã do reality show. Até tentei evitá-lo, mas não deu muito certo…
Apesar de Lumena não ter me autorizado a fazer este texto e a Karol Conká já estar prontíssima para me cancelar, vou prosseguir mesmo assim.
Uma coisa sobre o programa já deveria ser óbvia: ano passado o Big Brother Brasil revolucionou a TV ao se aproximar da internet e conseguir fazer com que qualquer coisinha na casa reverberasse pelos sites e redes sociais. O que muita gente não sabe é a dimensão disso tudo. Eu mesmo fiquei surpreso.
Você sabe quantas pessoas a edição passada alcançou?
[ ] entre 50 milhões e 100 milhões de pessoas
[ ] entre 100 milhões e 150 milhões de pessoas
Se você colocou qualquer uma das opções, errou! Na verdade foram 165 milhões de pessoas. Só para ter ideia do alcance da atração, o Brasil hoje em dia tem 211 milhões de habitantes, ou seja, 78% da população brasileira consumiu o BBB20. E, se você considerar só a população acima de 14 anos, o resultado dispara para 94%.
Naturalmente, o BBB21 terá um grande carrego pela frente e poderá ser assistido por impulso do sucesso da edição anterior. Mas, vamos falar do que tem acontecido na casa.
O BBB21, a economia e você
Em três semanas já teve funk da Juliette; Caio e Rodolffo nos corações dos shippeiros do país; mais gente cancelada do que muito saldo bancário por aí; e a presença de um economista entre os 20 participantes. E ele trouxe um assunto muito importante à tona, o qual passou quase despercebido.
Gilberto J. Nogueira, vulgo Gil do Vigor, tem 29 anos, nasceu em Jaboatão dos Guararapes (PE) e faz doutorado em Economia na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em conversa no programa, ele trouxe à tona um grande estudo do economista armênio-americano Daron Acemoglu (Em busca de Eldorado) sobre instituições e escravidão.
Nesse estudo, comparam-se municípios que possuíam uma grande população escrava em 1843 e, com base nisso, tentavam entender o que aconteceu no desenvolvimento desses locais equiparados aos pares próximos com baixa população escrava.
O resultado pode parecer contraintuitivo, apesar de na época esses locais serem os grandes fornecedores de riqueza do país. Logo, quando terminou a exploração de ouro na Colômbia, por exemplo, esses municípios acabaram ficando para trás em diversos aspectos sociais, sendo que até hoje existe uma diferença notável.
Dentro desses aspectos também temos: saneamento básico, nível de estudo e até mesmo cobertura vacinal.
Essa análise já foi replicada em várias partes do mundo e, na grande maioria, possui resultados similares. É o caso das regiões Sudeste/Sul e Nordeste do Brasil, nos quais observou-se quase 1 século de diferença de crescimento entre elas, após o fim efetivo da escravidão. Já nas 13 colônias americanas também pode-se observar isso com as colônias do Norte sendo muito mais ricas que as do Sul, entre outros ótimos indicadores.
E de onde vem a explicação para isso?
É lógico que se tratando de Acemoglu, a resposta vem das instituições. Basicamente, a escravidão era uma instituição extrativista: ela retirava recursos de muitos e concentrava na mão de alguns. Isso fez com que a sociedade ficasse em incentivos para que se desenvolvesse tecnologicamente. Além disso, ao limitar a alocação eficiente de recursos, a produção fica toda concentrada e decidida pelos que possuem recursos e não num modelo de descentralização que beneficie os mais eficientes.
Uau, hein? Quem diria que um estudo importante e denso como esse poderia surgir no Big Brother Brasil.
Como aqui não é Jogo da Discórdia, qualquer dúvida ou comentário, é só falar!